A princípio, a Selic não está relacionada às ações ou cotas de fundos de renda variável, por exemplo. Como essa classe não tem rendimentos previsíveis, os ganhos não são obtidos a partir da taxa diretamente.
No entanto, a Selic influencia diretamente a renda fixa. Isso acontece porque todos os investimentos dessa classe dependem, em maior ou menor grau, da taxa Selic.
Quando a taxa de juros está em alta, os investimentos atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) têm retorno maior, pois esse indicador acompanha a Selic. Além disso, títulos prefixados e pós-fixados também podem oferecer taxas maiores em cenários de elevação da taxa básica de juros.
Como consequência, a Selic em alta torna a renda fixa mais rentável e atraente para o investidor. Logo, o movimento traz oportunidades de ampliar o potencial de retorno da carteira sem abdicar da segurança que essa classe oferece — afetando diretamente a classe de renda variável.
O impacto na renda variável acontece, principalmente, devido à relação entre risco e retorno. Em um cenário de incertezas, por exemplo, muitos investidores optam por trocar a renda variável pela renda fixa em busca de maior segurança. Então os ativos que não têm retorno garantido podem sofrer desvalorizações.
E o que ocorre na bolsa de valores?
Uma vez que os ativos da bolsa de valores fazem parte da classe de renda variável, eles também sofrem os efeitos das movimentações da Selic. Além dos motivos apresentados, os investimentos negociados nesse mercado tendem a ser impactados pelas condições econômicas.
Pense no mercado de ações. Com a Selic mais alta, fica mais caro obter crédito — o que pode prejudicar o crescimento dos negócios. O encarecimento do crédito também atinge os clientes, que tendem a consumir menos. Isso tende a gerar quedas nas vendas e nos resultados gerais das empresas listadas.
No caso das companhias alavancadas ou endividadas, o aumento da taxa aprofunda o comprometimento financeiro. Portanto, o cenário pode se tornar mais desafiador para o negócio.